Laranja mecânica, 1971

Do Diretor: Stanley Kubrick (2001, uma odisséia no espaço, Lolita, De olhos bem fechados).
Título Original: A Clockwork Orange


Como já é do estilo de Kubrick, um filme que veio para causar polêmica e horrorizar a censura. Laranja Mecânica, assim com 2001 uma odisséia no espaço, do mesmo diretor, é um filme a frente de seu tempo. Realizado nos anos 70 mas com uma atmosfera futurista, abusando das cores e estilos, e do próprio dialeto usado no filme, que é bem peculiar, uma mistura de inglês e russo com gírias únicas. Baseado no livro homônimo de Anthony Burgess.


O filme não é de todo violento, pois para quem vive em pleno século 21, onde se vê de tudo, não se surpreende com as cenas violentas do filme. O filme sim, abrange como tema principal a violência, mas não necessariamente faz uso dela o tempo todo.


Alex Delarge é um fã incondicional de Beethoven e líder de uma gang, conhecida como Droogs ( do russo, druk= amigo), e com suas roupas esquisitas, se divertem batendo em pessoas menos favorecidas, como idosos e mendingos, e estrupando mulheres. Não sem antes beber seu leite aditivado, Moloko.


Após uma briga com o seu grupo, Alex é traido por eles, e é preso. A polícia se vê então, com as mãos no famoso Alex e o mesmo, como forma de se redimir, se candidata voluntariamente a um experimento do governo, a técnica Ludovico, que promete reverter o instinto violento do ser humano, tornando-o uma pessoa boa.


Para o sucesso da técnica, Alex é submetido a sessões de filmes violentos, ao som da 9° sinfonia de Beethoven, sua favorita. Ele é drogado para que sinta dor, associando assim as cenas violentas as dores. Ao final do tratamento, Alex é um sujeito indefeso, e até mesmo inocente, incapaz de atitudes violentas mesmo que, em legítima defesa, e incapaz de tocar em uma mulher nua.


É provado então, que a técnica Ludovico é um sucesso, e Alex é liberto. Ao retornar para casa, seus pais não o aceitam de volta, o mesmo anda pela rua e se depara com um mendingo o qual espancou com sua antiga gang. O mendigo junto com sua turma, bate em Alex e só param com a chegada da polícia. Mas os policiais são dois ex amigos de Alex, e aproveitam para tentar matá-lo afogado. Largam Alex desacordado e debilitado, ele sai a procura de ajuda e chega a casa de um escritor. O escritor abre a porta e o ajuda, mas logo o reconhece: Alex havia assaltado a casa dele, o deixou aleijado e estrupou sua mulher, que não resistiu a tamanha violência e morreu de depressão. Tudo isso ao som de Singin' in the Rain, famoso cantando na chuva.



O escritor culpa Alex por sua infelicidade, e tendo conhecimento de sua recuperação, o tranca em um quarto ao som da 9° sinfonia de Beethoven. Alex não suporta aquela tortura e se joga da janela. Alex vai parar no hospital, e a noticia chega aos jornais, culpando o governo pela tentativa de suicídio do rapaz.


As cenas finais para mim são as melhores, quando Alex, que foi tratado como um animal e apanhou na cara, é venerado por políticos e recebe flores no hospital além de uma oferta de emprego para ganhar um ótimo salário. Isso em troca de salvar a boa imagem do "sistema", e Alex entendendo bem aquele jogo, aperta a mão do Ministro em frente a imprensa para mostrar que apóia partido e que esta tudo bem com ele, mas ao mesmo tempo se imagina transando com uma mulher ao som da 9° sinfonia enquanto é aplaudido pela alta sociedade. O filme termina com Alex dizendo essas palavras: "Sim, eu realmente estava curado".


O filme é nada mais que um tapa na cara de todos nós,e atual até os dias de hoje. A violência sendo "curada" com violência. A violência do homem e a violência do Estado, ambas se entrelaçam e não há como fugir, ela está latente dentro de nós, faz parte do ser humano desde tempos remotos, onde precisavamos dela para comer e sobreviver em bando. E não há cura, não há técnicas, embora o que seja usado hoje em dia, como forma de torturas e prissões, e julgamentos, não passam de tipos diferentes de técnicas Ludovicos, e a cada dia, mais e mais estamos afundados em mar de sangue e desgraça em meio a escória do mundo.

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